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domingo, 26 de agosto de 2012

Formando atletas e cidadãos

Todo menino já sonhou em um dia ser jogador de futebol. Os pais desses garotos também sonham em vê-los atuando por grandes clubes. Mas a maior preocupação de todo pai é que essa vontade de se tornar atleta não atrapalhe a dedicação pelo estudo. E os filhos já começam a entender isso. "O estudo sempre é uma certeza e o futebol não", diz João Luís Pinheiro, de 14 anos, que atua na escolinha de base do ABC.  O pensamento do garoto, que sonha em ser jogador, não é em vão. A filosofia nas escolinhas de base do alvinegro explicam o porquê. "Aqui o pensamento é 'a bola num braço e o livro no outro'", diz João Maria de Souza, pai do goleiro Patrick Lima de Souza, de 13 anos, que está há cinco meses no clube. "Aqui é uma escola. Se o garoto falar um palavrão em campo, por exemplo, é pênalti para o outro time", ressalta José Magnaldo, pai de João Luís.
Júnior SantosJoão Maria de Souza, com o filho Patrick e o sonho de ser goleiro 
João Maria de Souza, com o filho Patrick e o sonho de ser goleiro

Com os treinos ocorrendo aos domingos, o clube recebe cerca de 400 garotos por semana em categorias que vão de 7 aos 14 anos. O diretor das categorias de base, Fred Menezes, diz que quando iniciou o projeto, em 2009, o então presidente do clube, Judas Tadeu, disse que não acreditava que nem 30 crianças participariam. "Nós abraçamos essa causa e no nosso primeiro treino já tinham 39 garotos", brinca Fred. O coordenador das escolinhas, Elói Simplício, explica que a intenção não é formar apenas o atleta. "A nossa preocupação não é só dar os fundamentos. É compartilhar hábitos, comportamentos e atitudes", diz. Para ele, a escolinha de futebol funciona como um reforço para a educação que é dada pelos pais. "Através do futebol, reforçamos a educação para prepará-los para a vida", frisa. Antes de todos os treinamentos no domingo, Elói Simplício reúne os atletas e os pais e realiza uma palestra durante cerca de 30 minutos. Lá, trata de educação e repassa ensinamentos da vida. "As palestras que ele dá são sensacionais", relata Manoel Atanásio da Silva, pai de Bruno Leonardo, de 13 anos, que joga no Sub-14 do clube. Emílio Simplício, que é filho de Elói Simplício, é quem treina as equipes da escolinha de base. São equipes formadas por garotos entre 7 e 14 anos. O clube começou o projeto em 2009, através do diretor Fred Menezes, e hoje conta com a estrutura de oito profissionais em educação física e um médico, além de dois campos de treinamento para a base. Nos finais de semana, os campos são divididos em três na intenção de atender todos os alunos que comparecem. Para Fred Menezes, a mudança no modelo ocorreu para que as escolinhas ganhassem mais atenção - o que não acontecia até aquele momento. "Além de tudo, é uma forma de formar o jogador para o clube", diz. Um dos exemplos do que cita o coordenador das categorias de base é o jovem Émerson Bruno, de 17 anos. O garoto iniciou no clube à convite de Elói Simplício, no início do projeto, em 2009. Com um bom aproveitamento, Bruno, como prefere ser chamado, foi integrado às categorias de base do clube, onde se tornou campeão do Campeonato Estadual Sub-18 recentemente. Com o ensino médio já concluído, o jogador divide atualmente os treinos no clube com o cursinho pré-vestibular e já projeta um futuro caso não consiga a sorte como jogador profissional. "Se não der certo, quero fazer Educação Física ou Nutrição e depois tentar um concurso", diz. Elói Simplício se orgulha dos frutos que já colheu, como no caso de Bruno. Ele acredita que o projeto de escolinha de base "nada contra a maré". O coordenador reafirma ainda que a primeira intenção não é formar o profissional. "Nosso objetivo principal é o educacional e o lazer", diz.
O coordenador explica a ideia que tenta repassar aos garotos durante os treinamentos. "Quando não se faz o jogador, se faz o torcedor universitário", diz. Para Elói Simplício, mesmo que o atleta não consiga realizar o sonho de ser jogador profissional, isso é o que menos importa. "Pouco importa que a criança tenha o dom. Nós olhamos a criatura humana que é por meio do estudo", explica.

Psicóloga acredita que o esporte trabalha o caráter da criança, mas faz ressalvas
A psicóloga Márcia Toscano de Medeiros Rodrigues, do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), acredita que o esporte aliado à educação trabalha o desenvolvimento do caráter das crianças e a compreensão das regras.  "O esporte ajuda a desenvolver nas crianças o sentimento de cooperação, unidade, autocontrole.  Ela aprende que se fizer algo errado, por exemplo, irá prejudicar toda a equipe. Com isso ela aprende a ter as noções de unidade", avalia. Para Márcia Toscano, outro ponto fundamental na prática rotineira do esporte é a ocupação na mente das crianças.  "O exercício faz com que a criança ou o adolescente preencha esse vazio que fica na mente".  Por outro lado, a psicóloga faz ressalvas ao nível de exigência que um jovem atleta deve receber. Para ela, uma pressão muito grande sobre uma criança pode comprometer.  "A super exigência para uma criança é um lado ruim. Isso tem de ser muito bem trabalhado, porque as crianças muitas vezes não têm a maturidade para lidar com a perda", garante.
Fonte: Tribuna do Norte

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