"A palavra vale mais do que qualquer coisa"

Alex FernandesO atacante Washington chegou como grande promessa no ABC

Quando foi contratado pelo ABC no início do ano, o atacante Washington chegou com a responsabilidade de assumir a camisa 9 alvinegra, que tinha sido usada, nas duas últimas temporadas por Leandrão, que virou ídolo da torcida. Com sua fama de artilheiro, com passagens por grandes clubes do futebol nacional, como o Vasco da Gama/RJ, Ceará, Portuguesa/SP e Palmeiras/SP, quando foi artilheiro do time na Taça Libertadores de 2005, W9 era a esperança da direção alvinegra de ser o símbolo de um time vitorioso. Oito meses depois da sua chegada, 25 jogos e apenas seis gols marcados, o atacante deixa o clube brigado com a direção, fazendo críticas sobre atraso de salários, proibição para entrar no centro de treinamento do ABC e também em relação ao planejamento do clube para a disputa da série B do Brasileiro.
Você sai frustrado do ABC?
Com certeza fica um sentimento de frustração. Aconteceram coisas que não tiveram como ser contornadas. De toda maneira, a situação financeira do clube não era a das melhores, eles não tinham condições de continuar me pagando e foram forçando uma situação até que acabou desse jeito. Mas, bola para frente, vamos seguir com a vida e com minha carreira.
Como foram as negociações?
Para falar a verdade, eles não me propuseram nada. Falaram que não era para eu treinar mais com o grupo, proibiram de pegar meus pertences nos vestiários. Os funcionários que vieram me entregar no estacionamento do clube. Não pude entrar no local destinado aos jogadores. Mas, paciência.
Faltou transparência da direção clube?
Faltou e muita. Posso ter pecado em algumas coisas, errado.  Quer dizer, não digo nem que errei. Sei que me esforcei ao máximo, mas as coisas acabaram não andando. Como o meu compromisso com o clube era bem maior do que os outros atletas, eles tentaram fazer com que eu jogasse a toalha, pedisse para ir embora. Mas, as coisas não podem ser dessa maneira e nem são assim. Foram combinadas algumas coisas entre eu e o presidente Rubens Guilherme e logo em seguida com o técnico Ademir Fonseca, logo depois da sua chegada e algumas dessas coisas não foram cumpridas. Tentaram me expor de alguma maneira, dizendo que A, B ou C estão criando casos dentro do grupo e não foi isso que aconteceu.
E o que foi que aconteceu?
Eu tinha vários motivos para criar um clima ruim dentro do grupo, para poder causar um transtorno maior e não foi nada disso que eu fiz.
O ABC está devendo alguma coisa, financeiramente, para você?
Como falei anteriormente, os cheques foram sustados e essa informação foi divulgada por gente de dentro do ABC, para que a torcida pudesse me pressionar com mais força. Toda vez que vou descontar os cheques, eles são sustados.
Os salários estão atrasados?
Três meses que não recebo e nunca divulguei nenhuma informação desse tipo. O que acontece é que o clube está querendo criar uma situação, como se eu estivesse fazendo barulho dentro do grupo. O que tenho que ter é paciência e continuar trabalhando.
Na sua opinião, faltou planejamento ao ABC nessa temporada?
Alegaram para mim, que o grupo estava muito inchado, com vários jogadores, para me dispensarem. Desde que o Ademir Fonseca chegou, vieram cerca de 11 novos contratados e tinha o restante. Quando o Márcio Goiano chegou (primeiro técnico do ABC nessa série B), trouxe também alguns atletas. Acho que futebol não é assim. Manda o treinador embora, trás outro e contrata vários jogadores. As coisas precisam ser um pouco mais planejadas. Mas, não quero entrar nesse mérito. Pela resposta que eles me deram, as desculpas que usaram, é que o elenco estava muito grande, tinham que tomar alguma atitude, então, eu falo em cima disso. Mas, talvez nessa situação, de ter um grupo cheio, eles poderiam ter pensado, antes, em não ter deixado a situação chegar a esse ponto.
* Entrevista completa no site www.tribunadonorte.com.br
Fonte: Tribuna do Norte