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domingo, 30 de dezembro de 2012

A galinha dos ovos de ouro

Durante toda a temporada, uma batalha silenciosa era travada entre os times da capital do Rio Grande do Norte, ABC e América, contra os outros clubes do país. Todos em busca de um só objetivo: entrar ou permanecer no grupo principal da Timemania, loteria federal que foi criada em 2008, para ajudar, financeiramente, os clubes do Brasil, principalmente em relação a dívidas trabalhistas. O alvinegro, pela campanha de conscientização que a direção abecedista fez nos dois últimos anos, passou 2012 sempre entre os primeiros colocados. Já o alvirrubro, graças aos incessantes pedidos do presidente Alex Padang, conseguiu reagir dentro de "competição" e entrou no G1 nos últimos concursos, deixando para trás o Avaí/SC, seu grande adversário nesse ano. Mas, qual o motivo do times do Rio Grande do Norte lutarem tanto para alcançarem o grupo principal da Timemania? A resposta é simples, de acordo com os presidentes de ABC e América: mais dinheiro na próxima temporada. A conta é simples: os clubes que conseguem ficar na elite da loteria federal, recebem algo em torno de R$ 100 a R$ 200 mil mensal da Caixa Econômica Federal. Quem fica nos grupos inferiores, recebem menos. E essa diferença chega a ser brutal. Se o ABC, em 2012, recebeu, ao todo, algo em torno de R$ 1,5 milhão, por estar no grupo principal. O América, que está no grupo dois, recebeu um pouco mais da metade do seu rival, R$ 800 mil durante toda a temporada. Esses números podem variar, para mais, ou para menos, dependendo da quantidade de apostas nos concursos semanais da Timemania. Para se ter uma ideia do valor que a loteria federal tomou nos clubes do Brasil, dos 20 integrantes do grupo principal, 16 equipes são da série A do brasileiro. Com exceção do Fortaleza/CE, que está na série C do Brasileiro, Ceará, ABC e América, todos da segunda divisão, os outros clubes são os principais do Brasil, que, teoricamente, não precisariam de um valor tão baixo, para as equipes do eixo Rio-São Paulo, considerando que, para esses clubes, R$ 200 mil mensais, não representa muito na folha salarial. "A Timemania é a segunda maior receita do ABC. Só fica atrás apenas do nosso programa de sócio torcedor. Não podemos ficar sem esse dinheiro. Esse ano, tivemos, em média, uma arrecadação girando entre R$ 100 e R$ 110 mil mensais. É um valor considerável para o ABC", afirmou o presidente do clube, Rubens Guilherme Dantas. Pensamento semelhante tem  o presidente do América, Alex Padang. Mas, no caso do alvirrubro, a luta é para entrar no grupo principal da Timemania em 2013. O clube conseguiu desbancar o Avaí nos últimos concursos, está entre os 20 melhores nessa reta final de temporada e agora espera o resultado do concurso realizado ontem, o último do ano, para saber em que posição terminou a temporada. "A Timemania é o segundo maior patrocínio da história do América. E olhe que passamos toda temporada fora do grupo principal. Se, na próxima temporada, estivermos entre os 20 melhores, vai ser o maior patrocínio da história do clube, por isso a importância que demos a Timemania durante todo esse ano, pedindo aos torcedores que apostassem no América como time do coração. As contas são simples. Se nesse ano recebemos R$ 800 mil, no próximo, ficando no G1, essa receita pode pular para R$ 2 milhões", revelou Alex Padang. A Timemania funciona da seguinte maneira: o apostador deve marcar 10 números e é sorteado com até sete. Além disso, deve marcar, no volante de aposta, o seu time do coração. Aqueles clubes que tiverem um maior número de apostas, vão ficando nas primeiras colocações. No começo, a loteria era composta por quatro divisões, com 20 times cada, totalizando 80 equipes. Mas, a Caixa Econômica Federal fez alguns ajustes e alterou o sistema. Agora, são três grupos. Os dois primeiros são de 20 grupos. O terceiro fica com 40 equipes.
Caixa Econômica explica como tudo funciona
A Timemania foi criada para ajudar os clubes que tinham dificuldades de honrar com seus compromissos trabalhistas. Por isso que as equipes, hoje em dia, brigam para estar no grupo principal, já que o repasse, realizado pela Caixa Econômica Federal, é maior para os 20 primeiros colocados. "A loteria foi criada para estimular as pessoas a apostar nos seus times do coração.  Essa é a verdadeira concorrência. Colocar o time do coração nas primeiras posições. Aqui no Rio Grande do Norte, como os clubes não tem uma arrecadação muito volumosa, em relação a patrocínios, acaba ajudando na hora de pagar a folha salarial", revelou o supervisor de loteria no Rio Grande do Norte, da Caixa Econômica Federal, Vágner Furtado Cavalcanti. Mas, algumas regras devem ser seguidas, de acordo com o supervisor da CEF, para que os clubes recebam todo o valor que foi alcançado nas apostas. "Se o clube estiver devendo os impostos, ou encargos trabalhistas, esse dinheiro, vai primeiro para o pagamento dessa dívida, até zerá-la. Vou dar um exemplo: se um clube, do grupo principal, arrecada R$ 200 mil e tem R$ 100 mil de dívida, só vai receber R$ 100 mil, porque o restante vai ser para quitar o que está devendo", explica Cavalcanti. ABC e América ainda brigam por uma posição no grupo principal da loteria. O maior adversário das equipes do Rio Grande do Norte é o Avaí/SC. Mas, de acordo com Vágner Furtado, as vagas devem ficar mesmo com as equipes potiguares. "Por isso que os clubes disputam para ficar no G1, por o repasse ser maior. Pelo andar da carruagem, pelos últimos sorteios e pela colocação dos clubes do estado, é bem provável que, tanto ABC, quanto o América, fiquem entre os 20 primeiros para a próxima temporada", finaliza.
Presidentes dos clubes contam com a torcida
Ao contrário do que acontecem com os times do sul e sudeste do país, onde as empresas compram várias apostas da Timemania, aqui no Rio Grande do Norte, as apostas ficam, quase que exclusivamente, a cargo dos torcedores. Por isso, os dirigentes tanto de ABC, quanto de América, investiram pesado em jogadas de marketing para conscientizar a torcida o quanto é importante, para o clube, que eles comprem a ideia de apostar na loteria federal e marcar o time do coração. Durante toda a temporada, promoções, sorteios, e até um disque-Timemania, foram algumas das ações do times de Natal na luta para se manter no G1 da loteria.
Aldair DantasO presidente do América, Alex Padang fez elogios à torcida 
O presidente do América, Alex Padang fez elogios à torcida

"O torcedor tem que entender, de uma vez, que a Timemania é muito importante para o clube. Ele ajudando, além de concorrer a um bom prêmio, com mais chances do que a mega-sena, ajuda seu clube do coração. Esse ano, eu não tenho do que reclamar da torcida do América. Eles abraçaram nossa ideia de que era importante apostar na Timemania e conseguimos subir e muito de classificação, entrando no G1 e tirando uma diferença de mais de 100 mil apostas para Avaí", afirmou o presidente alvirrubro, Alex Padang.
Aldair DantasO presidente do América, Alex Padang fez elogios à torcida
Para Rubens Guilherme, presidente do ABC, o torcedor tem respondido bem

Para Rubens Guilherme Dantas, presidente do ABC, o torcedor tem respondido bem aos pedidos alvinegros em apostar no time do coração. "O torcedor é nosso principal aliado nessa batalha que é a Timemania. Sem eles, não conseguiríamos ficar, por dois anos consecutivos, entre os 20 melhores da loteria. Para o próximo ano, não podemos deixar cair. Esse dinheiro da Timemania é muito importante para o clube", finalizou.
Loteria foi criada para ajudar os clubes
A Timemania foi criada para ajudar os clubes participantes a pagarem as suas dívidas com o governo brasileiro. Do total arrecadado, os clubes recebem 22% que são destinados ao pagamento de dívidas com o INSS, FGTS, Receita Federal e outros impostos devidos à União. A loteria esportiva funciona como a Quina, porém em vez de escolher 5 números para acertar os 5, escolhe 10 para acertar 7, além de ter um sorteio separado para a escolha de um time. No total, 80 clubes participam da Timemania. Vinte da Série A e vinte da Série B do Campeonato Brasileiro, sendo que as vagas restantes são para agremiações com maior número de títulos do Campeonato Brasileiro (Série A, B ou C), de estaduais, Taça Brasil ou Copa do Brasil. Têm também direito a participação clubes que tenham disputado, no mínimo, sete edições da Série A e de, no mínimo, cinco edições da Série B do Campeonato Brasileiro. O governo impôs ainda algumas regras para as inscrições. Os clubes deverão publicar balanços financeiros e os dirigentes não poderão ter nenhuma condenação por crime doloso. Contudo a participação é voluntária, cabendo a cada clube apto a decisão de participar ou não.
Felipe Gurgel - Repórter da Tribuna do Norte

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