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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

ABC viveu um período de exceção

Tudo começou na data da fundação, quando o ABC FC surgiu da reunião de um grupo de jovens rapazes e, no mesmo dia, eleito por aclamação João Emílio Freire como primeiro presidente do clube. O local, está lá ainda na lembrança dos velhos abecedistas, apenas lamentando que o clube não tenha feito maiores esforços para preservar o velho casarão onde morava a família de João Emilio e era uma espécie de sede provisória do clube. Quem quiser conferir, basta fixar-se nos fundos do teatro Alberto Maranhão, o local hoje é ocupado por uma oficina e lavadora de automóveis. Era um casarão com linhas clássicas, à noite os fundadores reuniam-se até altas horas, e depois todos se dirigiam para suas casas. Claro, sem os sustos e os riscos dos dias de hoje.
Rodrigo SenaOs 3.313 sócios do clube vão escolher hoje os novos conselheiros do alvinegro. A chapa vencedora depois irá eleger o presidente 
Os 3.313 sócios do clube vão escolher hoje os novos conselheiros
do alvinegro. A chapa vencedora depois irá eleger o presidente

No mesmo casarão, João Emílio residiu durante muitos anos, e também lá aconteceram reuniões ruidosas, até porque já existia a rivalidade ABC x América com a bola rolando. O rival rubro já havia sido também fundado, poucos dias depois, precisamente 14 de julho. O nome ABC surgiu de uma votação, aproveitando a pacificação de três países da América do Sul: Argentina, Brasil e Chile, em 1915. A primeira diretoria do Alvinegro foi formada por Emílio Freire, vice José Potiguar Pinheiro, secretário Manoel Dantas, 2º secretário Solon Aranha, tesoureiro Avelino Freire Filho, diretor de Esportes José dos Santos. A partir daí, foi uma sucessão natural de presidentes, necessariamente sem a obrigação estatutária de cumprir mandatos rigorosamente iguais. A prova é que a segunda diretoria foi eleita já no ano seguinte, tendo sido aclamado Cícero Aranha, e Júlio Meira e Sá como seu vice. Comprovando que os mandatos não eram cumpridos com rigor estatutário, o terceiro presidente continuou sendo Cícero Aranha, antes mesmo de completar o ciclo dos 365 dias. A sucessão prosseguiu com a eleição de Luiz Potiguar, em 1918, reeleito por mais um mandato, sendo substituído por Enéas Reis, este sim, retornando à presidência após um curto período de Cícero Aranha, até Enéas Reis retornar ao mais alto cargo na diretoria.

Emanuel AmaralErnani da Silveira comandou o ABC e também o Conselho DeliberativoErnani da Silveira comandou o ABC e também o Conselho Deliberativo
O campeoníssimo na presidência do ABC foi mesmo o médico José Tavares, chegando a somar dez anos na direção do clube, incluindo os vários mandatos. A família Reis teve outros dirigentes no ABC, um deles - Etiene, na  diretoria social do clube, ao lado do colunista da TRIBUNA, professor Woden Madruga.  Seguiram-se na presidência, José Aurino Rocha, Álvaro Borges,  Gentil Ferreira de Souza, João Ferreira de Souza, João Galvão de Medeiros,  Edilson Fonseca, Ernani Alves da Silveira,  Firmino Moura, Tupan Ferreira de Souza,  José Santos, Amaro Marinho, Aluízio Bezerra, José Nilson de Sá,  Severo Câmara, Edson Teixeira, Ruy Barbosa, José Paiva Torres, Eudo Laranjeiras,  José Wilson G. Melo, Leonardo Arruda, Judas Tadeu Gurgel e o atual presidente Rubens Guilherme. Nesses quase 100 anos de atividade, o ABC só teve um período de exceção, quando uma crise financeira grave forçou a criação de uma Junta Governativa com plenos poderes, sendo integrada por figuras respeitáveis dentro do clube, como Bira Rocha, Agnelo Alves, Ernani Silveira, Aluízio Bezerra, entre outros. O ABC voltaria à normalidade democrática logo depois, entrando novamento no ciclo de eleição a cada dois anos. Atualmente, o mandato é de três anos. Dos 30 presidentes que o ABC  FC  teve, alguns não proporcionaram à torcida a alegria de ver o clube campeão, motivos os mais diversos, inclusive financeiro. Foram eles Luiz Potiguar,  Emílio Freire, Álvaro Borges,  Roberto Varela,  Tupan Ferreira, Severo Câmara,  Edson Teixeira e Eudo Laranjeiras. O atual presidente - Rubens Guilherme deixou também sua marca de presidente campeão, mas alternando seu mandato de três anos. Seu antecessor - Judas Tadeu, deixou vários títulos para a história do clube.
Marcelo BarrosoO empresário Bira Rocha fez parte da junta que comandou o clube 
O empresário Bira Rocha fez parte da junta que comandou o clube

Duas chapas e um presidente
O clima eleitoral esquentou o final de ano no ABC. O clube elegerá amanhã o seu novo Conselho Deliberativo, que depois de empossado irá indicar o nome do presidente alvinegro para o próximo triênio. Apesar de existirem duas chapas disputando a eleição para o conselho, o nome de Rubens Guilherme aparece como candidato único tanto na chapa ABC Centenário, quanto na ABC Grande. A questão é que o clima político no clube entrou em processo de ebulição com a oposição realizada ao atual presidente do Conselho Deliberativo, Ivis Bezerra, assim Rubens Guilherme passou a encarar a chapa encabeçada por Leonardo Arruda Câmara como de oposição a atual administração atual. "Eu sou candidato a presidente do ABC pela chapa ABC Centenário e só aceito continuar a minha administração se for com Ivis Bezerra como presidente do Conselho Deliberativo do nosso clube", afirmou. Idealizador da chapa ABC Grande, o conselheiro Glaucio Uchôa não entende os motivos alegados pelo atual presidente, ao se esquivar do apoio da chapa concorrente. "O presidente do ABC precisa esclarecer por que não quer o apoio da nossa chapa. Nós não somos um grupo de oposição, como ele está encarando, estamos propondo apenas uma renovação no Conselho Deliberativo do clube. Queremos um grupo mais participativo", destaca Uchôa. Glaucio Uchôa ressaltou que o presidente ainda não apresentou uma justificativa para posição e precisa esclarecer o problema que está ocorrendo. "Ele tem algo contra Leonardo Arruda? Se tem, Rubens precisa vir a público e esclarecer isso", destaca. Indagado se poderia lançar candidatura à presidência, caso não haja uma reformulação na declaração do mandatário abecedista, Uchôa descartou a possibilidade de se lançar candidato ao cargo "vago", formando definitivamente uma chapa de oposição. "Só seria candidato de oposição, caso Paiva Torres estivesse concorrendo à presidência pelo outro lado. Participei do início da atual administração e não gostei, nem aprovei a conduta dele na diretoria. Contra Rubens não faço oposição, ele contará com meu voto para permancer presidente", afirmou. O Conselho Deliberativo para a próxima legislatura terá 213 membros. As cadeiras serão compostas levando em consideração o percentual de votos  dado a cada chapa. "A modificação do estatuto garantiu uma espécie de coeficiente eleitoral para que a chapa opositora possa assegurar assentos no conselho. Por exemplo, se a chapa um obtiver 60% dos votos, ela terá direito a ocupar 128 cadeiras das 213. Neste caso a chapa dois ficaria com as 85 restantes, correspondentes aos 40% restantes", explicou Augusto Azevedo, que participou do grupo de estudos para renovação da Estatuto do ABC, há três anos. Augusto não esconde a polarização da campanha, procurando deixar claro em suas palavras que hoje realmente há dois grupos disputando à presidência no alvinegro. "Rubens Guilherme não é gago e foi em claro em todas as entrevistas que concedeu. Ele é candidato a presidente da chapa ABC Centenário e o outro grupo terá de apresentar uma opção para presidente administrativo e até agora não o fez", reforçou Azevedo.

Fone: Everaldo Lopes/Repórter e pesquisador/Tribuna do Norte

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