Não
bastasse a eliminação precoce na Copa do Nordeste, o assalto a sede do
clube e grave crise financeira que o América atravessa, uma guerra
silenciosa está sendo travada, nos bastidores, entre o presidente
alvirrubro, Alex Padang e alguns conselheiros americanos. Tudo por causa
do contrato oferecido pela OAS, empresa responsável pela Arena das
Dunas, para que o time rubro mandasse seus principais jogos na praça
esportiva que está sendo construída para a Copa do Mundo de 2014. Com
isso, a Arena do Dragão, que também está em obras, seria utilizada
apenas em jogos menores, como, por exemplo, nas partidas do campeonato
estadual, com exceção do clássico com o ABC. A possibilidade de isso
acontecer vem causando uma insatisfação geral entre os torcedores
americanos e também em uma ala de representantes do conselho
deliberativo do clube, que querem apenas o estádio rubro como casa do
América.
Dentre
eles está o médico José Medeiros, um dos conselheiros mais atuantes do
América e que, ao lado do presidente do conselheiro deliberativo do
clube, José Rocha, são contra os termos de contrato apresentado pela OAS
a Alex Padang. "São 48 páginas de contrato e muitos artigos. E, em
vários pontos, o América sai prejudicado nesse acerto. Primeiro, a OAS
quer que o clube seja responsável pela Arena das Dunas pelos próximos 15
anos, arcando com todos os custos de um estádio daquele porte. Em
contrapartida, eles patrocinariam o América no período de 1 ano e meio.
Isso não podemos aceitar", revelou José Rocha. Com um tom mais
radical em relação ao contrato, José Medeiros afirma que, se fosse por
sua decisão, não teria nem conversa com a OAS. O principal, de acordo
com ele, é continuar com as obras da Arena do Dragão. "Se essa empresa
que está construindo a Arena das Dunas não tem nenhum projeto futuro
para tornar o local sustentável, que procurem outra maneira e não tentem
atrapalhar a vida do América. O nosso estádio vai sair de qualquer
forma", afirma Medeiros, que é um dos responsáveis por controlar o caixa
de verbas para o andamento das obras no futuro estádio americano. Mesmo
não confirmando, o clima entre conselho deliberativo e o presidente
americano aparenta ser tenso, no atual momento. Na última quinta-feira,
convidado pela reportagem da TRIBUNA DO NORTE, a fazer uma visita às
obras da Arena do Dragão, José Rocha foi até o local acompanhado de José
Medeiros, Francisco Sobrinho, engenheiro responsável pela obra e alguns
torcedores. Durante a visita, apareceu o presidente do clube, Alex
Padang, acompanhado do advogado Osvaldo Sestário, que representa o
América nos julgamentos do STJD, no Rio de Janeiro e Paulo Schmitt,
procurador do STJD, que estavam fazendo uma visita as instalações do
clube e iriam fazer uma palestra aos jogadores americanos. Foi
quando Alex Padang perguntou a José Rocha, quando a Arena do América
ficaria pronta. A resposta do presidente do conselho deliberativo deixou
o ambiente tenso. "Se eu tivesse R$ 5 milhões na mão, já estaria
pronto. Mas, você foi divulgar na mídia esse contrato com a OAS e a
situação ficou complicada", disse Rocha, diante de todos os presentes. Outra
informação colhida seria que Padang teria solicitado ao grupo que está
gerenciando as obras do estádio americano, recursos para investir no
futebol. "Isso não existiu. E mesmo que tivesse acontecido, seria como
as ondas do mar. Iriam bater e voltar, quantas vezes fosse necessário. O
dinheiro do nosso estádio vai ser investido no estádio e não no
futebol. Isso é uma certeza de tenho", afirmou Medeiros. Em
relação a possibilidade de renúncia do presidente Alex Padang, caso o
contrato com a OAS não seja aceito pelo conselho deliberativo, tanto
José Rocha, quanto José Medeiros, se mostraram tranquilos. "Essa
possibilidade nunca foi comentada por Padang, pelo menos comigo não.
Tenho certeza de que ele não vai tomar essa decisão. Ele está sendo um
grande presidente para o América", disse Rocha. Já Medeiros foi mais
taxativo e usou a história do próprio América para falar sobre a
possibilidade de renúncia. "Quero deixar claro que não tenho nada contra
o presidente Alex Padang. Mas, a história do América foi feita de
renúncias e clube sobreviveu a todas", finalizou Medeiros.
Felipe Gurgel - Repórter de Esportes
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