O ESPORTE DE ASSU E REGIÃO, OBRIGADO PELA VISITA

domingo, 8 de setembro de 2013

A força do esporte

O projeto, lançado em 2003, tinha como objetivo dar uma atividade aos jovens entre 7 e 15 anos, depois que deixassem a escola. Foi denominado Segundo Tempo. As crianças e adolescentes que estudavam de manhã, participariam do projeto a tarde e vice-versa. Aulas de reforço(português e matemática), esportes (vôlei, futebol de campo, salão e society, basquete, caratê e capoeira), acompanhamento psicológico, médico e dental e também na alimentação, cuidadosamente escolhida por nutricionistas. Mas, qual o melhor local para essas crianças da rede pública de ensino e em situações de riscos, nos bairros mais pobres das capitais, iriam se acomodar?
Emanuel AmaralO futebol é uma das atividades prediletas dos alunos, que podem optar por outra modalidade 
O futebol é uma das atividades prediletas dos alunos,
que podem optar por outra modalidade
Foi quando surgiu a ideia de juntar o programa do Ministério da Educação com a ajuda do Ministério da Defesa e assim, as bases militares se uniram na ação e desde então são o ponto de encontro dessas crianças, que de, segunda a sexta, ocupam o tempo livre dentro das bases e quarteis, praticando esportes, estudando, tendo noções de civismos e aprendendo um pouco mais do jeito militar de ser. “Temos 220 crianças aqui no Grupamento de Fuzileiros Navais e eles aproveitam cada minuto que aqui estão. Eles estudam, praticam esporte, tem um acompanhamento médico e nutricional. Tudo que precisam para melhorar suas condições, eles recebem aqui. Isso é muito importante. Além disso, aprendem a ter disciplina, o que falta, em muitos casos, em casa”, afirma o Capitão Jaílton Paraguai, um dos responsáveis pelo projeto em Natal. O projeto não se delimita apenas ao Grupamento de Fuzileiros Navais, no bairro das Quintas. Mais dois pontos no Rio Grande do Norte recebem os alunos: a Estação Rádio de Macaíba e a Base Naval de Natal, no Alecrim. Ao contrário dos Fuzileiros, que só tem meninos, os outros dois locais são compostos por meninos e meninas no projeto. Os meninos são escolhidos por três organizações: a Secretaria Municipal de Trabalho de Assistência Social de Natal (Semtas), a Fundac (Fundação Estadual da Criança e Adolescente) e pela Prefeitura de São Gonçalo do Amarante, que além de mandar os meninos, também atuam como parceiros, disponibilizando monitores e estagiários, para ajudar no controle das crianças. Um desses monitores é o professor de educação física Marcos Gomes, que é o coordenador de esportes do projeto. Experiente, técnico de grandes nomes do atletismo no estado, como P.Silva, ele demostra uma grande satisfação em ajudar as crianças. “Elas não me dão nenhum tipo de trabalho. Pelo contrário, só querem saber de se divertir. E é isso que propomos aqui: não fazemos nada para rendimento e sim um negócio mais lúdico, voltado para as crianças. Lógico, se aparecer algum deles que se destaque e que possa ter futuro no esporte, ficamos de olho”, disse Gomes.
Emanuel AmaralO projeto, que teve início em 2003, reúne representantes militares e civis com o objetivo de promover atividades esportivas e pedagógicas para crianças natalenses com idades entre 7 e 15 anos 
O projeto, que teve início em 2003, reúne representantes militares
e civis com o objetivo de promover atividades esportivas e pedagógicas
para crianças natalenses com idades entre 7 e 15 anos
Caso não apareça nenhum destaque nos esportes, os jovens podem seguir a carreira militar. Alguns já pensam nesse sentido. “Se não der para seguir carreira como jogador de futebol, serei um fuzileiro naval”, garante o adolescente Ronaldo Oliveira, de 15 anos, que, até o final do ano, deve deixar o programa, já que a idade que ele tem, é o limite máximo para permanecer no projeto. Até porque, de acordo com o Capitão Jaílton, as crianças e adolescentes são livres para escolher o que fazer dentro do projeto.                     
Ex-aluno se transforma em um dos colaboradores
A história de Fernando Éverton Ramos se confunde com a do  Forças no Esporte. Ele foi um dos primeiros a fazer parte do projeto, no início de 2003, ano de implantação do Forças em Natal. Tinha nove anos de idade. Ficou no projeto durante sete anos e depois, por ter atingido a idade máxima de permanência, 15 anos,  teve que deixar o programa. Mas, por ter gostado e visualizado uma vida melhor, aos 18 anos, se alistou e retornou a Marinha, para fazer parte do Forças, agora, como marinheiro, ajudando as crianças que, atualmente participam da ação.
Emanuel AmaralFernando Ramos, marinheiro, foi aluno do projeto e atualmente é um dos que trabalha na iniciativa 
Fernando Ramos, marinheiro, foi aluno do projeto e atualmente
é um dos que trabalha na iniciativa
“Tudo que tenho hoje em dia, devo ao programa Forças no Esporte. Se sou o que sou, foi por causa esse projeto, dos professores que me ajudaram. Pude mudar de vida, planejar algo melhor. Graças a Deus que isso apareceu na minha vida”, afirma o marinheiro Ramos, que há três anos, dá expediente no Grupamento  dos Fuzileiros Navais, nas Quintas. A sorte que ele teve em conseguir entrar na Marinha, alguns amigos de infância, que também participaram do programa Forças no Esporte, não tiveram. Por percalços da vida, grande parte escolheu um caminho incorreto para seguir. Alguns acabaram sendo mortos e outros estão presos, tudo por causa das drogas e violência. “Muitos amigos meus, que não quiseram seguir no projeto, morreram ou estão preso.  Tenho certeza de que esse seria o meu destino, caso não tivesse a força de vontade de retornar e seguir uma carreira militar. Infelizmente eles não quiserem, se envolveram em coisas erradas e tiveram que pagar”, revela.
Fonte; Tribuna do Norte

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