Ruy Cabeção lamenta desgaste em acerto sobre sua saída
do Alecrim (Foto: Jocaff Souza)
Em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM,
o experiente volante mostrou-se triste com o episódio e relatou que
assinou com o Alecrim depois de rejeitar propostas de outros clubes
brasileiros, por acreditar no projeto de reestruturação do Verdão
potiguar, que utilizaria sua imagem a favor do marketing do clube. Eu faria um ano de clube em janeiro e, nesse tempo, tudo o que me foi
mostrado e prometido ainda não aconteceu. A gente não sabe o dia de
amanhã e da mesma forma que ele (Anthony) me prometeu, as coisas ainda
podem surgir. Eu vesti a camisa do Alecrim, principalmente, por querer
ajudá-lo. Mas fiquei decepcionado com a demora. Cansei de ligar para os
telefones dele, mas infelizmente é impossível falar com ele. Eu nunca
passei por isso na minha vida - lamentou o jogador. O
volante disse que enfrentou situações difíceis junto aos companheiros,
porque ouvia as reclamações dos demais atletas e acabou servindo como um
“porta-voz” do grupo junto à comissão técnica e aos diretores. Como o
atraso salarial atingiu todos os jogadores, inclusive os atletas do
sub-20, Ruy chegou a ser mal visto no grupo, pois pensavam que ele
recebia os vencimentos em dia. Eu fui até acusado por
alguns jogadores do grupo porque eles achavam que o meu salário estava
em dia, justamente porque eu era contra certos tipos de comportamentos,
principalmente com relação à greve, que era um tema muito forte entre
todos. Eu fui contratado para ajudar o pessoal da empresa patrocinadora a
reestruturar o futebol do clube e meu telefone não parava de tocar com
as ligações dos meninos (jogadores), por questões complicadas na Casa do
Atleta, a respeito da falta de pagamento da conta de energia ou em
relação aos jogadores que moravam em apartamentos e estavam com os
alugueis atrasados - explicou. Segundo Ruy, as instalações
eram “péssimas” no alojamento que recebia parte dos jogadores
profissionais e dos atletas da categorias de base. Com o atraso nos
salários dos demais funcionários do clube, as cozinheiras e os
funcionários da limpeza pediram demissão. Para o jogador, as condições
no clube eram piores do que em clubes amadores. Precisamos
ter respeito aos clubes amadores, porque, quando a gente pensa em
amador, vem na cabeça uma coisa abaixo do nível normal. Nós jogadores
não tínhamos bolas nem roupa limpa para usar. Nos treinamentos, não
havia médico nos acompanhando - criticou.,
À espera de uma resposta
clube tenta reconciliação
Washington Fernandes falou em nome do
Alecrim (Foto: Jocaff Souza)
De
acordo com o vice-presidente do Alecrim, Washington Fernandes, os
repasses financeiros da empresa que patrocina o Alecrim, que são de
origem estrangeira, atrasam devido ao valor elevado das transferências,
já que todo o dinheiro precisa ser declarado de forma precisa, conforme
exigências da legislação brasileira. O dirigente disse que os
vencimentos em atraso dos jogadores devem ser regularizados até a
próxima semana. Estamos conversando sempre com a
patrocinadora para que ela credite até o início da semana e tudo esteja
em ordem. Como eles trabalham com dinheiro internacional, às vezes essa
viabilização leva tempo. Já colocamos em dia, no mês passado, uma boa
parte dos vencimentos e esperamos que até a próxima sexta-feira, esteja
tudo em ordem, pela promessa que ele fez e as remessas que a empresa
fará - falou. Sobre a saída de Ruy Cabeção do elenco,
Washington acredita que falta um diálogo mais próximo entre a direção do
clube eu próprio jogador. Ruy ainda é atleta nosso, não
houve distrato. Então, se ele tomar uma posição que seja favorável
continuar conosco e derem certo as negociações, é de pleno prazer tanto
da torcida quanto do conselho, porque Ruy é um atleta que faz jus à
imagem que ele tem junto ao público. O Alecrim preza muito que seja
satisfatório para os dois lados, principalmente pelo carinho que a
torcida tem com o Ruy e o próprio conselho do clube e a diretoria, que
gostam muito dele tanto como atleta como pessoa. É louvável que as
coisas terminem num bom senso - almeja.Alecrim (Foto: Jocaff Souza)
'Vou jogar por mais três anos'
Com 35 anos, Ruy Cabeção quer jogar mais três temporadas
(Foto: Jocaff Souza)
O
jogador adiantou que recebeu um contato de um time do interior mineiro e
que pretende resolver a pendência financeira com o Alecrim o mais
rápido possível para voltar a jogar futebol. A ideia é jogar bola por
mais três anos ou até as pernas “aguentarem”. Eu vou seguir meu
caminho e graças a Deus, existem pessoas competentes para me ajudar na
carreira e me livrar dessa situação o mais rápido possível. Mas meu
projeto no futebol continua. Minha ideia é jogar por mais três anos até
minhas pernas aguentarem. Quero saber delas depois desse tempo eu ainda
seguirei no futebol. A partir do momento em que não tiver condições de
jogar, eu vou parar - concluiu o jogador.(Foto: Jocaff Souza)
Por Jocaff SouzaNatal
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