Thaise Yamamoto é a preparadora física do Palmeira (Foto: Reprodução/Facebook)
O
preconceito em relação ao gênero em determinadas profissões ultrapassa o
senso comum e beira ao exagero. As barreiras sociais enfrentadas pelas
mulheres em situações ditas como masculinas deixam uma grande parcela da
sociedade revoltada. No esporte, esses casos não são diferentes e
quando uma profissional aparece no convívio dos homens, há uma
desconfiança sem ao menos medir o grau de qualificação dela. No Rio
Grande do Norte, uma educadora física tenta quebrar as barreiras do
preconceito para colocar em forma os jogadores do Palmeira de Goianinha,
time que vai disputar o Campeonato Potiguar 2015. A santista
Thaise Yamamoto, de 22 anos, é apaixonada por futebol, tanto que optou
por ingressar no curso de Educação Física. Formada desde 2013, ela conta
que sempre gostou de futsal e futebol. Nas quadras, Thaise jogou nas
categorias de base do Santos e outros clubes da região. No campo, a
opção foi o Jabaquara, onde integrou a comissão técnica das equipes
juniores. O convite para se aventurar no Rio Grande do Norte
surgiu no final de 2014, quando o Palmeira de Goianinha se alojou no
centro do treinamento do Jabaquara, e fez a preparação para a disputa da
Copa São Paulo de Futebol Júnior. Os dois clubes, em parceria, trocaram
experiências e integrantes das comissões técnicas, e Thaise assumiu a
preparação física do Verdão. Eu estava no Jabaquara, e o meu
chefe cogitou a possibilidade de eu trabalhar no Palmeira. Depois de
umas três semanas, eu aceitei a proposta. O Jabaquara tem uma parceria
com uma empresa, que também fechou com o Palmeira. Daí, o acerto ficou
bem mais fácil e pude vir para cá - disse Thaise. Mesmo atuando como profissional no futebol desde os 20 anos, Thaise
conta que ainda sofre com o preconceito e com a desconfiança de
jogadores e torcedores. A educadora física conta que nas vezes em que
esteve num estádio, fazendo parte de uma comissão técnica, os olhares de
crítica sempre surgem para o seu lado. Eu sinto isso. Ainda me
olham estranho e quando entro em um estádio de futebol, a torcida
mostra aquele olhar de preocupação: como pode uma mulher estar numa
equipe de futebol masculina? - lamenta. Em Goianinha desde o dia 4
de janeiro, Thaise aperta a preparação dos jogadores do Palmeira e
cobra muito empenho durante as atividades, tanto que alguns reclamam da
forte intensidade dos trabalhos. Mesmo assim, a profissional tem "carta
branca" da diretoria alviverde, que acredita num rendimento satisfatório
durante o estadual. Segundo Thaise, os conhecimentos aplicados com a
equipe profissional são diferentes das quais utilizava com os atletas
juniores, por isso, a reclamação dos jogadores. No começo, os
jogadores meio que olharam diferente e eu peguei bem pesado. No primeiro
dia de treinos, ficaram achando estranha a minha presença e a
quantidade de exercícios. No segundo dia, já pediram para que eu
maneirasse nas atividades. Ouvi muito aquelas frases 'será que ela tem
experiência? Será que ela sabe o que está fazendo?', mas agora os
jogadores estão se acostumando com o meu trabalho - conta.
Longe de casa
Por Jocaff SouzaNatal
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