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É uma relação de muito carinho, de muito agradecimento. Eu já era torcedor do Alecrim desde 1964. Em 63 e 64 o Alecrim foi bicampeão no Juvenal Lamartine, e eu passei a torcer pelo Alecrim, eu era meninão, garotão. O Alecrim me abriu as portas para o futebol, essa é a realidade. Eu fui trabalhar um ano de graça, como estágio, para aprender um pouco mais de futebol, porque eu já era professor na Escola Técnica naquele tempo. Eu vinha do futsal e a direção me mandou fazer o futebol de campo. Como eu não tinha muita experiência, fui para o Alecrim para aprender como era o esporte, mesmo naquele tempo que é totalmente diferente do de hoje - contou. Ferdinando conta que tanto ABC como América-RN, clubes que já haviam conquistado mais títulos estaduais do que o Alecrim, não dariam uma oportunidade para um recém-formado, chamado pelos dirigentes de "professor de colégio". Em uma visita ao antigo estádio, usado atualmente para competições de categorias amadores, Ferdinando lembrou dos dias em que assistiu aos jogos ao lado do pai e, depois, de quando assumiu o comando técnico do clube de coração. Naquele tempo, ABC e América-RN dificilmente abririam as portas para um professor jovem, como diziam que era 'professor de colégio'. Por isso, minha relação de muito carinho e de muito agradecimento pelo clube - analisou. Ao término do estadual, Ferdinando deixou o Alecrim. Não para sempre. Voltaria 11 anos depois, mais experiente, trazendo na bagagem um título conquistado de forma impressionante. Venceu os três turnos do estadual.
Bicampeonato do Verdão
Alecrim conquistou o segundo bicampeonato potiguar
em 1985 e 1986 (Foto: Reprodução)
Nós tínhamos muita qualidade. Eu tinha dois ou três 'carregadores de
piano' e o resto era de muita qualidade. Esses três eram brutos, que
chegavam firmes na bola, mas o restante tinha muita qualidade, por isso
que a gente fez aquilo tudo. Nessa hora, prevaleceu a qualidade e o
engajamento. Todo mundo se dispôs a participar para ganhar, não era só
para participar do campeonato - lembrou. Em 1985, o Alecrim
venceu o segundo e o terceiro turnos e foi para decisão contra o
América-RN. O placar acabou em 2 a 0 para o Verdão. Já em 86, os títulos
do primeiro e terceiro turnos levaram o time a mais uma final, desta
vez contra o ABC. O empate sem gols deu o bicampeonato ao clube
alviverde. A conquista estadual garantiu o clube no Campeonato
Brasileiro da primeira divisão, mas a campanha ruim, com seis derrotas,
três empates e apenas uma vitória eliminou a equipe potiguar da
competição.
Ferdinando "dos outros"
Rebaixamento: mancha negra
Alecrim empatou com o ABC, no antigo Machadão, em 2010
(Foto: Júnior Santos / Tribuna do Norte)
A
queda provocou uma grave crise financeira ao clube, que já não era tão
agradável. As contas estavam tão apertadas que o próprio Ferdinando
Teixeira trabalhou no clube de graça, e ainda ajudou a compor a folha
salarial dos jogadores. Para o ex-treinador, o capítulo ficou marcado
como a mancha negra no seu currículo.Eu nunca tinha sido rebaixado e fui rebaixado logo com o meu time de coração. Era um time que eu estava ajudando a pagar para jogar, e eu estava trabalhando de graça. São as coisas do futebol. Mas é a mancha negra que eu tenho na minha carreira completa, não só no Alecrim. Quem vive no mundo do futebol, infelizmente, é passível dessas coisas - concluiu.
Por Jocaff SouzaNatal
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