A
Copa do Brasil de 2005 foi apenas a terceira vez que um clube que não
estava na Série A do Campeonato Brasileiro acabou como campeão do
torneio. Naquele ano, o Paulista de Jundiaí era comandado pelo técnico
Vagner Mancini, que atualmente dirige o Vitória na Série B do Campeonato
Brasileiro, e tinha como estrela o meia Márcio Mossoró. Na época, com
apenas 22 anos, o potiguar comandava as ações do time que contava ainda
com o zagueiro Réver, que está no Inter; o goleiro Victor, do
Atlético-MG; o volante Cristian, do Corinthians, e o atacante Finazzi,
que também jogou no Timão. Dez anos depois da marcante conquista pelo
time do interior paulista, Mossoró é destaque do Istambul BB, da
Turquia. Em seu primeiro ano no país, levou um clube recém-promovido à
primeira divisão nacional ao quarto lugar na temporada 2014/15. A boa
campanha garantiu a classificação para a fase eliminatória da Liga
Europa e chamou atenção de outros clubes turcos.
Márcio Mossoró (laranja) em ação com a camisa do Istambul
BB da Turquia (Foto: Divulgação/IBFK)
Mesmo atuando por tanto tempo fora do país, Mossoró mantém viva a lembrança do primeiro título da sua carreira. O Paulista foi o início de tudo na minha carreira. Depois de anos longe
de casa, com o sonho de me tornar um jogador de sucesso, aquela
conquista foi um divisor de águas para mim e para boa parte do grupo e
sem dúvida foi uma passagem marcante - descreve. Para chegar
ao título, o Paulista não teve vida fácil. Eliminou Juventude e Botafogo
nas primeiras fases de competição. Nas oitavas de final, o confronto
foi com o Internacional e a vitória só veio nos pênaltis. Nas quartas de
final, foi a vez de medir forças com o Figueirense e a passagem para as
semifinais veio também na disputa por pênaltis. Aí foi a vez de duelar
contra o Cruzeiro.
Acho que a partida contra o Cruzeiro, no Mineirão lotado, foi nossa
maior dificuldade. O Mancini montou uma equipe muito qualificada, com
jogadores que queriam crescer na carreira e estavam prontos para o
desafio. E deu no que deu - comenta. A final contra o
Fluminense terminou com uma vitória por 2 a 0 no Jayme Cintra e, com o 0
a 0 em São Januário, veio o título. Um dos gols que deram vantagem ao
Paulista no jogo de ida foi marcado pelo potiguar. Considero
meu melhor momento nos jogos finais, principalmente na semifinal contra
o Cruzeiro e na final contra o Fluminense, na qual pude marcar no
primeiro jogo. Naqueles dois confrontos eles já viam nossa equipe como
uma ameaça, e daí todos crescemos e conquistamos o título - lembra. Aos
32 anos, Márcio Mossoró é hoje um dos principais jogadores do elenco do
Istambul BB, clube que disputa a primeira divisão do Campeonato Turco. O
meia disse que se surpreendeu com a estrutura que encontrou, após
deixar o futebol árabe em 2014. Na última temporada, a primeira que o
Istambul BB disputou a primeira divisão turca, a equipe terminou na
quarta posição, atrás apenas de Galatasaray, Fenerbahçe e Besiktas.
Mossoró em passeio pela Turquia com a família
(Foto: Divulgação/Assessoria P2)
A estrutura aqui é de primeiro nível. Temos tudo por aqui. É um clube
novo, recém-promovido à liga principal. E no primeiro ano na elite, que
foi ano passado, chegamos em quarto. Surpreendemos a todos. Conseguimos
uma vaga para as eliminatórias da Liga Europa, mas acabamos perdendo
para o AZ, da Holanda - explica. As boas atuações renderam
elogios da imprensa local e fizeram crescer a expectativa sobre um
segundo ano na elite, após a surpreendente campanha na temporada
2014/15. Elogiaram a
equipe por inteiro pelo resultado e a mim, especificamente, por ser uma
peça fundamental no time e que contribuiu muito para chegar até onde
chegou. Esse ano não começamos tão bem. E, pelo resultado na primeira temporada,
houve uma expectativa muito grande não apenas dos jogadores, mas também
dos torcedores por bons resultados. Então começou a haver uma pressão, o
que é normal, pelo que fizemos anteriormente - avaliou. O
clube conta com outro brasileiro no elenco atual. O atacante acreano
Doka Madureira foi um dos responsáveis por auxiliar Mossoró na adaptação
ao novo país. Aqui tem sido igual aos outros países. A
única diferença é que não tem igreja evangélica para ir, mas nas demais
coisas é igual, shopping, restaurantes, etc. Doka me ajudou bastante
também. Temos um tradutor, ele fala muito bem português e tem uma pessoa
que trabalha para mim fora do clube que fala português muito bem também
- revela.Por Carlos Arthur da CruzNatal
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