Presidente do ABC sugere redução do mandato: "Estou desgastado aqui"

Judas Tadeu se sente desgastado no ABC. De volta à presidência do clube desde dezembro de 2015, o dirigente tem mais um ano e quatro meses para cumprir até o final do seu mandato (em dezembro de 2018), mas busca uma forma de reduzir esse tempo. Ele confirmou nesta segunda-feira que irá sugerir ao Conselho Deliberativo do clube na próxima reunião, no dia 4 de setembro, que os mandatos passem de triênios para biênios. Assim, ele cumpriria seu período no cargo máximo do Alvinegro até o final deste ano, quando haveriam novas eleições. Nós achamos, nesse momento, o mandato longo e vamos propor esse estudo, essa mudança, sem nenhum problema. Eu estou desgastado aqui. Tenho responsabilidade aqui no meu mandato, mas precisamos avaliar - disse Judas Tadeu.

Judas Tadeu vê isolamento do seu mandato no ABC (Foto: Leonardo Erys/GloboEsporte.com)

Essa é a segunda passagem de Judas Tadeu como presidente do ABC - antes ele dirigiu o clube durante 11 anos, entre 1998 e 2009. Depois de dois títulos estaduais (2016 e 2017) e um acesso à Série C em 2016, o ABC vive seu maior momento de crise na sua atual gestão, com a lanterna da Série B após derrota por 3 a 0 para o Internacional e o iminente rebaixamento à terceira divisão. Numa auto-avaliação, Judas Tadeu destaca que tinha como pretensão particular mudar também o seu modo de comandar o Alvinegro ao assumir o cargo. O cenário, no entanto, dessa vez, ele julga diferente. O presidente abecedista hoje sente sua gestão isolada. Ele acusa alguns antigos conselheiros, que fizeram parte da gestão anterior (presidida por Rubens Guilherme Dantas), de um "afastamento estratégico". Eu, que cheguei aqui com a finalidade de mudar até o meu estilo de gestão, tenho certeza absoluta que mudei. Mas houve um afastamento estratégico dos conselheiros, dos ex-dirigentes que estavam aqui na outra gestão. Eu entendo como um afastamento estratégico, não foi por nossa vontade - avalia o presidente.
Busca por união

Judas Tadeu enxerga o Alvinegro com dois ou três grupos políticos distintos e vê essa divisão como pouco saudável para o desenvolvimento do clube. O dirigente avalia que o ABC "tem que ser um só" e não quer ser a figura simbólica de um possível racha. Nesse momento fazemos o apelo e vamos continuar fazendo para que todos voltem para dentro do seu clube pra participar ativamente das coisas do ABC. Eu não posso ser o objeto ou o sujeito desse afastamento ou dessa desunião. A minha função é, a partir de agora, novamente fazer com que todos os ex-dirigentes e os abnegados que gostam do clube voltem para participar ativamente - destacou. Essa tentativa de aproximação já tem data marcada, pelo menos a princípio. O dirigente quer um encontro com os membros do Conselho Consultivo do clube, formado em abril do ano passado e que reúne ex-presidentes e dirigentes, para o próximo dia 1º de setembro - antes mesmo da reunião do Conselho Deliberativo. O conselho está formado, falta fazermos a primeira reunião. E eu quero a princípio fazermos essa reunião no dia 1º de setembro, com todos os ex-presidentes aqui, os ex-dirigentes, para a gente, de uma vez por todas, unir o ABC, tornar o ABC um clube só. Hoje o ABC transformou-se em duas, três facções e isso não é possível. O ABC tem que ser um só. E eu estou fazendo esse apelo também aqui e eu espero que nesses próximos dias comece a mudar o relacionamento de todos que fazem o ABC - desabafou. 

Por Leonardo Erys, Natal