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terça-feira, 3 de dezembro de 2019

Paulinha e a luta para virar o jogo do futebol feminino no Rio Grande do Norte

Paulinha precisou superar o preconceito — Foto: Divulgação
Ana Paula Santos da Silva, 25 anos, tem a bola como principal companheira nas memórias de infância. Paulinha, como carinhosamente é chamada, cresceu jogando futebol com seus amigos nas ruas, nas calçadas, nas praças, em qualquer lugar que fosse. A princípio tudo não passava de uma simples brincadeira de criança, certo? Não foi bem assim. Desde menina, ela já via de perto o preconceito pelo fato de querer brincar de bola, até da sua própria família.- Infelizmente, é inevitável a gente sofrer preconceito nesse meio. Quando eu era criança, sofri preconceito da minha família e de pessoas que jogavam na praça do meu bairro. Sempre tive que provar que eu conseguia fazer bem aquilo. Quando chegava gente nova no bairro, não aceitavam, diziam que eu não era capaz. Já na minha família, sempre tem aquilo de mandar eu ir brincar de boneca, ou então, você não deveria fazer isso porque não é feito pra mulher - relembra. Paulinha sempre ouviu que sua vontade de jogar futebol era apenas uma fase e que, quando crescesse, iria deixar de lado a sua paixão. Mas não foi isso o que aconteceu. Cada vez mais queria estar inserida nesse meio. O principal episódio de preconceito aconteceu na escola, justamente por quem deveria ensinar respeito e tolerância aos alunos. - Um evento que me marcou muito foi quando eu estava na quinta série e ia jogar bola com os meninos no recreio. Quando cheguei para jogar, a coordenadora foi à quadra e me tirou, porque disse que eu era mulher e não deveria estar jogando bola, principalmente com os meninos. Disse que isso ia afetar minha feminilidade. Na época eu não entendia, mas lembro de ter ficado muito chateada e de ter ido reclamar na direção da escola. Porém, a direção apoiou a coordenadora e tive que ficar jogando escondido dela durante um ano - afirma. Mesmo proibida de jogar na própria escola por ser mulher, Paulinha contava com o apoio dos colegas. Juntos, eles sempre davam um jeito de burlar o impedimento.
Por Juliana Lima e Joan Fontes*, Especial para o GloboEsporte.com — Natal

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